O desafio do combate as queimadas no Brasil - Fonte Ambiental
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O desafio do combate as queimadas no Brasil

Uma matéria publicada pela Folha de São Paulo em 22 de setembro de 2024 trouxe à tona dados alarmantes sobre as emissões de gases de efeito estufa (GEE) relacionadas às queimadas no Brasil. Segundo o Observatório Copernicus, da União Europeia, em 2024 as queimadas já emitiram cerca de 183 megatoneladas de carbono, ultrapassando significativamente a média anual da série histórica, que é de aproximadamente 161,6 megatoneladas. Para se ter uma ideia do aumento, em 2023, o país emitiu 152,8 megatoneladas relacionadas a incêndios florestais. Esses números revelam uma situação alarmante e indicam que as queimadas seguem como um dos maiores vilões para a qualidade do ar no Brasil.

No entanto, o problema das queimadas no Brasil vai muito além dos números e das estatísticas. As causas são, em sua maioria, culturais, profundamente enraizadas no modo como a população interage com o meio ambiente. Embora a Amazônia e o Pantanal recebam maior atenção da mídia e de políticas públicas devido à sua importância ecológica e visibilidade internacional, a realidade é que as queimadas afetam de forma ampla e preocupante diversas regiões do país. Isso inclui áreas no Cerrado e a Mata Atlântica, biomas já degradados, mas que ainda sofrem com incêndios de grandes proporções.

Queimadas pelo Brasil

O mês de agosto de 2024 trouxe mais um dado que reforça essa visão. Durante o período, 30 cidades do Estado de São Paulo estiveram sob alerta máximo para grandes queimadas, mesmo em estados onde a vegetação nativa foi amplamente substituída por pastagens, monoculturas e áreas urbanas. Isso demonstra que o problema das queimadas não está confinado a biomas amplamente preservados, mas é generalizado. Em regiões do Sudeste, como São Paulo e Minas Gerais, onde a cobertura vegetal original já foi fortemente impactada, a combinação de estiagem, ventos fortes e o manejo inadequado de resíduos agrícolas e urbanos tem sido um gatilho recorrente para incêndios descontrolados.

As queimadas, além de devastarem ecossistemas e contribuir diretamente para as mudanças climáticas, também trazem sérios impactos à saúde pública. O aumento das emissões de carbono não é o único problema; a fumaça das queimadas contém uma mistura perigosa de gases e partículas que prejudicam a qualidade do ar. Isso leva ao agravamento de doenças respiratórias, especialmente em crianças e idosos, e sobrecarrega o sistema de saúde, que já lida com os desafios de outras crises, como pandemias e surtos sazonais.

Planejamento para combate ao fogo

Diante desse quadro, não basta reagir apenas em momentos de crise, com medidas pontuais para apagar incêndios e minimizar os danos. O enfrentamento das queimadas deve ser estruturado de forma contínua e integrada, com uma articulação eficaz entre os governos federal, estadual e municipal. É crucial que haja um planejamento preventivo, envolvendo o monitoramento e o controle de focos de incêndio durante todo o ano. Isso inclui, por exemplo, a capacitação de brigadas de incêndio locais, o uso de tecnologia de monitoramento por satélite e drones para detectar focos de calor em tempo real, e campanhas educativas permanentes para conscientizar a população sobre os riscos das queimadas.

Além disso, é fundamental investir em políticas de manejo sustentável das áreas rurais e urbanas, combatendo o uso indiscriminado do fogo para limpeza de terrenos e manejo agrícola, práticas que ainda são comuns em várias regiões do Brasil. O apoio técnico a agricultores, a criação de incentivos para o uso de técnicas de manejo agroecológico e a destinação adequada de resíduos são medidas que podem reduzir significativamente a incidência de queimadas e os seus impactos.

Integração é o caminho

A ação articulada entre os diferentes níveis de governo é essencial para a criação de uma infraestrutura efetiva de combate às queimadas, capaz de agir preventivamente e responder de forma rápida e eficaz em situações de emergência. Uma estrutura desse tipo não só beneficiaria o meio ambiente, ao reduzir a destruição da vegetação e as emissões de GEE, mas também traria enormes ganhos para a saúde pública, ao diminuir a exposição da população à fumaça e seus efeitos nocivos.

Portanto, o combate às queimadas no Brasil deve ser encarado como uma prioridade urgente e permanente. As consequências das queimadas não se limitam à destruição ambiental; elas impactam diretamente a qualidade de vida das pessoas, especialmente as que vivem em áreas mais vulneráveis. A solução passa por uma combinação de esforços preventivos e de resposta rápida, com envolvimento ativo de todas as esferas de governo, além de uma mudança cultural que valorize a preservação ambiental e a adoção de práticas mais sustentáveis no uso do fogo. Apenas com essa abordagem abrangente será possível reduzir os incêndios e mitigar seus danos, construindo um futuro mais saudável e equilibrado para o país e suas populações.

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